quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

O BECO DAS ACÁCIAS

Resgate da dignidade
          
          O Beco das Acácias fica no centro da cidade, e todo dia suas lojas abrem pontualmente às 08h00min, é um comércio bem variado e conservador, porém naquela manhã algo de novo mudaria aquela rotina, havia um cão amarelo, sujo e com algumas pequenas feridas pelo corpo, deitado à porta de um de seus estabelecimentos comerciais. Com a aproximação do comerciante para abrir as portas de sua Loja, o cão o afrontou, rosnando e latindo para ele, ao ponto de não conseguir chegar perto da porta. Passados alguns minutos, dois dos seus empregados chegaram e o patrão pediu que expulsassem aquela fera de sua porta, e assim fizeram, pegaram cada um uma vara de bambu e passaram a bater no cão que tentava mordê-los e com muito custo conseguiram afastá-lo dali. Durante todo o dia o assunto do Beco das Acácias foi o cão amarelo, feroz e que atacava as pessoas que por ali passavam, sendo por isso revidada a sua violência por parte delas. Ninguém gostava daquele cão. Ele já se estabelecia naquela rua há alguns dias, enquanto as pessoas o atacavam e fugiam dele, ele fazia o mesmo. Era a prova concreta de que “violência gera violência”.
           Passadas algumas semanas ninguém mais havia visto o cão amarelo, que desaparecera da mesma forma como surgira, porém alguns pequenos furtos voltaram a ocorrer vez por outra em algumas lojas durante a noite, que já não mais aconteciam pela presença daquele cão amarelo, furioso e raivoso, que tanto atacava os clientes e os funcionários durante o dia, bem como os meliantes e delinquentes durante a noite. Até que numa certa manhã, uma senhora caminha pela calçada com um cão amarelo preso à coleira, dócil e companheiro. No mesmo instante, todos os comerciantes e frequentadores das Lojas dali o reconheceram, e logo as pessoas acercaram-se daquela senhora perguntando sobre a transformação daquela fera que diziam ser louca e furiosa. A senhora contou-lhes que acontecera o mesmo com ela, aquele cão aparecera na porta de sua residência e a atacara e ameaçara mordê-la, porém sua atitude foi diferente, ao invés de agredi-lo em resposta a agressão dele, ela com muito cuidado deu-lhe água fresca e alimento e assim, aos poucos ganhou a sua confiança, conseguindo tratá-lo das feridas e transformá-lo naquele cão dócil, lindo e sociável.
           Há muitos anos atrás, um homem conhecido como o Profeta das ruas, repetia noite e dia, e escrevia nas paredes da cidade “Gentileza gera Gentileza”, e era chacoteado e ridicularizado pelas pessoas, e poucos naquela época o entendiam. Assim procedeu a senhora, tratou o cão com dignidade, carinho e gentileza e recebeu o mesmo em retorno. Assim como ocorreu com o cão também ocorre com as pessoas, se são tratadas com respeito e dignidade o retorno só poderá ser o mesmo. Logicamente, seria mais fácil aquele grupo ofendido pelo cão expulsá-lo de seu convívio quando que o correto seria tentar resgatar a dignidade existente naquele ser, que com toda a certeza, retornaria “gentileza” ao receber o mesmo.
Paulo Regent

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