quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

O SILÊNCIO DOS BONS.

                    Vivemos num tempo em que a humanidade procura a evolução tecnológica e pretere a espiritual, e uma grande parte dela continua vivendo na obscuridade, na Idade Média. Os cientistas, a cada dia que passa, conseguem decifrar mais e mais os mistérios desse universo maravilhoso em que vivemos, já ouvimos falar no Bóson de Higgs, que surgiu logo após a sua criação pela explosão do Big-Bang, e é chamada de “partícula de Deus”, porque assim como Deus, está em todas as partes, mas que é difícil de se definir. Também nos disseram já haver encontrado sinais de que “Europa”, uma das luas de Júpiter, possui água em sua superfície e que existe um oceano abaixo de uma vasta camada de gelo, e que pode ser um habitat para que a vida se forme, informações enviadas pela sonda Galileu, lançada em 1989. Robôs de várias formas diferentes são criados para facilitar a nossa vida, a medicina cada vez mais avançada, fazendo descobertas que nos permitirão viver mais a cada ano que passa. Mas uma parte da humanidade parece não acompanhar essas maravilhas, eu tomo como exemplo o Brasil, porque sou brasileiro e vivo aqui, ou melhor, convivo com tudo isso que, melancolicamente vejo acontecer. É com tristeza que assisto todos os dias aos noticiários que nos mostram cenas de como o nosso povo mais humilde é maltratado e humilhado por uma pequena parte da sociedade, que privilegiada por uma existência controladora, não dá a mínima. A saúde pública de nosso país é uma vergonha, a nossa polícia é uma vergonha, e os políticos... @*$#*&%!!! Pois é, não tenho palavras para defini-los. Há quem compare o político honesto com ETs, isso mesmo, Extra-Terrestres, porque há quem creia que exista, mas nunca viu. Há os céticos... “político honesto, tá doido? Isso não existe não!”... E há aqueles que só acreditam vendo. Antigamente a nossa sociedade era dividida em classes: A, B, C e D, ou melhor, Rica, Média Alta, Média Baixa e Pobre. Hoje bastam duas: Os honestos e desonestos. Do primeiro grupo faz parte a maioria de nossa população que é pobre, sofredora e manipulada, que trabalha quando pode e paga impostos que são desviados para satisfazerem necessidades particulares de poucos, que não tem direito a uma vida digna, com escolas decentes, hospitais públicos decentes, e lógico também, de algumas poucas pessoas que conseguiram vencer honestamente, mesmo em meio a esta podridão instalada, que tem uma vida digna alcançada pelos seus próprios esforços. O segundo grupo é de uma minoria privilegiada que vive de falcatruas, apropriando-se de bens que deveriam pertencer a todos e que são protegidos por uma legislação arcaica que já deveria ter sido revisada há séculos. Este segundo grupo é formado por aqueles que insistem em fazer força para manter nosso País na Idade Média, porque lhes é conveniente assim, onde a justiça não tem vendas, onde a segurança e a cultura para os mais humildes é algo desnecessário, porque esses poucos de quem falo, não sofrem por este mal, pois tem fácil acesso à boas escolas e aos hospitais caros e de alto nível além de segurança 24 horas por dia. É neste Reino de Impunidade e protecionismo que vivemos, e quem sabe um dia, possamos construir naves, para mandarmos de volta aos seus planetas de origem, os terríveis ETs , não os honestos, mas o desonestos, que nos amedrontam e nos controlam ao seu bem querer, que consomem as nossas verbas públicas. Também aqueles que deveriam ser os representantes da lei nas ruas e que a usam para benefício próprio achando-se donos delas, os maus policiais, que fazem sentir-nos envergonhados, pois afinal esta Terra não é de alguns poucos, mas de todos nós BRASILEIROS.


"O que mais preocupa não é o grito dos violentos, nem dos corruptos, nem dos desonestos, nem dos sem ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."
Martin Luther King      


Paulo Regent

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

A VIDENTE

“Nada é mais fantástico do que o cotidiano” - Essa frase é atribuída ao poeta e escritor francês Louis Aragon, que nasceu em Paris no ano de 1897, e eu concordo plenamente com ela. As pessoas comuns de nosso dia-a-dia, aqueles que cruzam a estrada de nossas vidas, e que naquele momento não nos chamam muito a atenção, e só mais tarde, quando as lembranças surgem é que lhes damos o devido valor, são esses os personagens desse nosso cotidiano fantástico.
            Um desses personagens, que por um breve piscar de olhos diante da eternidade, cruzou o meu caminho, chama-se Celi, uma senhora vidente, é só o que me lembro de seu nome, morava na Rua Maximiano em Niterói, numa casa no alto de uma escadaria que nos deixava ofegantes ao chegarmos lá em cima. Estive lá por várias vezes acompanhando minha mãe que se consultava com ela, isto foi lá pelos anos 70, ela era cartomante e tinha vidência por um copo de vidro sem asperezas e límpido, com água e uma pedra dentro dele. Minha curiosidade e interesse pelo assunto cresceram tanto que passei de acompanhante de minha mãe à consulente. Sabemos bem que charlatães existem desde os primórdios a enganar os incautos e menos avisados, mas este não é o caso aqui. Dentre todas as previsões que ela me fez, certeiras por sinal, a que mais me impressionou aconteceu em 17 de Junho de 1970, e eu jamais poderia esquecer isso, porque na verdade, aquela previsão não me pertencia, mas sim a todos os brasileiros. Nós aguardávamos para sermos atendidos na sala de espera da casa e eu estava impaciente, pois faltavam alguns minutos para se iniciar o jogo entre as seleções de Brasil e Uruguai pela Copa do Mundo de Futebol. Com 15 anos de idade, andava de um lado para o outro da sala querendo ir logo pra casa para assistir ao jogo que seria transmitido ao vivo pela televisão. O tempo foi passando até que chegou a nossa vez. Nessa época eu ainda estava naquela fase de curiosidade e a vidente também não tinha muito que falar de minha vida particular, só das provas, das atividades escolares, coisas pequenas e banais. Ela conversou muito com minha mãe, o jogo já havia começado, então fez uma pausa, saiu e voltou à sala das consultas onde estávamos. Foi então que ela se voltou pra mim e disse:
-Rapaz, eu não tenho muito a lhe dizer hoje não, mas o que vou lhe contar vai valer por tudo o que eu não falei pra você hoje ainda.
-Sim Celi, o que é?
-Enquanto estive lá fora, dei uma olhada rápida no jogo e o Brasil está perdendo para o Uruguai por 1X0.
Eu fiquei muito chateado, mas continuei ouvindo.
-Não se preocupe não garoto, o Brasil vai ganhar de 3X1. Clodoaldo vai empatar, Jairzinho vai fazer o segundo gol e Rivelino vai fazer o terceiro no finalzinho do jogo.
Naquele momento não sabia o que dizer, fiquei feliz, mas não dei muita bola não, afinal ela estava me dizendo até os nomes dos que fariam os gols, meras conjecturas talvez, difícil de crer.
          Chegando em casa, estavam todos sentados à frente da TV, e nós chegamos com essa notícia, pois o Brasil ainda perdia por 1X0. Não demorou muito e as previsões começaram a acontecer, Clodoaldo empatou aos 44 min. do 1º Tempo. No segundo Tempo Jairzinho fez o segundo gol aos 31 min. e no finalzinho do jogo, aos 44 min., Rivelino fez um golaço, o terceiro. Parecia um filme que eu já havia assistido, mas era ao vivo e real, tudo conforme ela previu. Eu sou testemunha de uma vidente de verdade! Quanto à Celi, nós ainda nos consultamos com ela por alguns anos, muitas coisas boas nos foram preditas, graças a Deus! Um belo dia voltamos para mais uma consulta e tivemos a notícia de que ela havia se mudado e não deixara endereço com ninguém. Coisa estranha! E nunca mais tivemos notícias dela.
Paulo Regent

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

NA CIRANDA DO BEM

          O jardim da casa de Dona Talita é lindo e muito bem cuidado, muitas plantas e flores de várias espécies, que mesmo com os seus oitenta anos, pessoalmente cuida, todos os dias, é o seu passatempo. Sua casa e o pouco que ainda tem dentro dela são seus únicos bens. Seu maior orgulho é o seu neto, que foi estudar na Europa há quatro anos e está prestes a se formar, e que para isso precisou hipotecar sua casa para pagar as despesas dele no exterior. Os pais dele morreram quando ele ainda era pequeno e foi criado por ela com o mesmo carinho que criou seu filho. O rapaz mandava mensalmente a maior parte do valor da mensalidade da hipoteca que ela completava com uma pequena parte, mas há quatro meses deixou de enviar, pois perdeu o emprego que tinha por lá em suas horas vagas e ainda não conseguira arranjar outro. A situação atual não é nada boa, pois Dona Talita vem recebendo cartas de cobrança há algum tempo e não tem mais como pagar as mensalidades da hipoteca, sua pensão a cada ano que passa está cada vez menor, e ainda tem o seu tratamento médico mensal mais os remédios que tem que tomar diariamente. Muita despesa mesmo!
          Dona Talita, mulher religiosa, tem o costume de todos os dias sentar em sua cadeira de balanço na varanda de sua casa, de frente para seu belo jardim e rezar o seu terço, às vezes o rosário completo. Sempre agradece as bênçãos recebidas, mas hoje, após receber mais uma carta de cobrança acompanhada de um aviso de perda do imóvel em função da falta de pagamento, acrescentou um pedido especial. Temendo perder sua propriedade, pediu à Sagrada Família que protegesse seu neto e o ajudasse a terminar seus estudos, pois ela ficaria bem em um asilo para velhos, mesmo amando muito a sua casa, seu jardim, amava muito mais a seu neto e só queria o seu bem.
          No terceiro dia, após seu pedido especial, suas preces são interrompidas por uma moça que aparenta ter uns dezoito anos, mais ou menos, que a chama em seu portão.
- Boa tarde Senhora!
- Boa tarde! Responde Dona Talita mandando-a entrar. Esse é seu costume, todos são bem-vindos em sua casa, e nunca se arrependeu disso.
A moça senta-se no segundo degrau que dá para a varanda enquanto Dona Talita continua em sua cadeira de balanço.
- A tarde hoje está quente... A Senhora me dá um copo d'água, por favor?
As duas vão até a cozinha, a moça senta-se em uma das cadeiras enquanto bebe a sua água.  Dona Talita lhe prepara um café fresco e lhe serve com leite e algumas bolachas enquanto conversam.
- De onde você vem? Perguntou.
- Eu venho do outro lado da cidade para tentar arranjar alguma coisa pra fazer, uma faxina, uma limpeza de quintal, a senhora não sabe quem esteja precisando não? A situação é bem difícil lá em casa e estamos passando por necessidades financeiras, já devemos muito ao mercadinho e eles não nos deixam mais comprar.
- Minha filha! Disse Dona Talita. Os problemas parecem que estão rondando por aqui, e todos nós temos problemas, cada um diferente do outro, e estamos aqui neste mundo para nos ajudarmos, uns aos outros. Eu não lhe conheço... Você não me conhece... E mesmo assim estamos em minha cozinha conversando. Você fez lembrar-me de uma canção que conheço: “Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho isso eu lhe dou.”
-Sim... Isso é Ágape... Padre Marcelo... Quem não conhece? Disse a moça.
Então Dona Talita pega algum dinheiro, uma soma de uns cinqüenta Reais, que tem guardado dentro de um pequeno vaso sobre a estante da sala e falou:
-Fique com isso, minha filha, pois pra mim esse valor não irá resolver nada mesmo, eu precisaria de muito mais que isso para resolver o que preciso e como não tenho como conseguir, pra você será mais útil. Vá e pague a sua dívida no Mercadinho, ou parte dela se isso não for suficiente.
- Não Senhora, não posso aceitar.
- Aceite, minha filha, e vá com Deus.
          A moça agradece muito, e diz que quando pudesse devolveria a quantia, e sai correndo e acenando para a velha senhora, que volta e senta novamente em sua cadeira de balanço na varanda continuando suas orações. Desta vez seu semblante está mais sereno e conformado pela boa ação que acabara de realizar.
          Três semanas se passaram...
          Dona Talita está, como de costume, sentada em sua cadeira de balanço na varanda de sua casa, rezando o seu terço e observando o seu belo jardim, quando alguém grita no portão.
- Correeeeeiiiiooo! Carta pra Dona Talita! É a senhora?
- Sim meu filho, pode entrar.
O rapaz do Correio entra e a velha senhora, como habitualmente faz, oferece-lhe água e pergunta se aceita um cafezinho.
- Não senhora, muito obrigado, a água já me é suficiente. Esta carta acabou de chegar de Portugal.
- Ora! É do meu neto, ele estuda lá. E abre a carta começando a lê-la e aos poucos as lágrimas de felicidade e saudade escorrem-lhe pelo rosto.
          Minha querida vózinha!
          Escrevo-te esta carta para contar uma coisa muito estranha que me aconteceu aqui em Portugal. Há duas semanas o porteiro me entregou um envelope em branco, que foi deixado com ele na portaria do prédio para que me entregasse. Disse-me ele que foi uma moça aparentando ter uns dezoito anos, mais ou menos, e pediu que dissesse ser a mando de uma senhora chamada Maria. Eu lhe falei que não conhecia nenhuma Maria, mas o porteiro falou que ela o havia dado pelo meu nome e que não havia dúvidas de que o envelope seria para mim mesmo. Ao abri-lo senti um delicioso perfume de rosas, achei até que seria uma carta romântica, mas dentro dele havia um pedaço de papel com alguns números escritos e uma pequena soma em dinheiro, o equivalente a cinqüenta Reais dos nossos. Eu fiquei sem nada entender, coloquei-os sobre o armário esperando que a moça retornasse quando verificasse que havia se enganado em sua entrega, pois certamente não seria eu a pessoa a receber, mas sim alguém com o nome parecido com o meu. Mas ela não voltou. Então, sabes o que fiz Vózinha? Peguei aqueles números no envelope e joguei na loteria, pagando o jogo com uma parte do dinheiro que estava junto, o que sobrou dei ao primeiro pedinte que encontrei. E adivinhe só... NÓS GANHAMOS VÓZINHA! Foi um milagre mesmo, não dá para se explicar. Não se trata de uma fortuna, mas é o suficiente para pagarmos nossas dívidas aqui e aí no Brasil. Vá com alguém ao banco, pois já depositei uma boa soma em dinheiro para a senhora lá, e pague a hipoteca da casa. A minha formatura será no final do ano e quero a senhora aqui comigo.
Um beijo, seu neto...
Você acredita em milagres? Alguns não crêem... Outros crêem... Aqui, nesta vida, tudo será sempre uma troca. Dar para Receber. Mas muitos a usam automaticamente esperando a recompensa Divina e esquecem-se de um detalhe muito importante e pouco observado, “o sentimento”, assim tudo se completa na constante tríade universal. Dar + Sentimento + Receber. A que remove montanhas, o desapego material, a força da oração, este é o grande Segredo.
"Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate a porta será aberta. Quem de vós dá ao filho uma pedra, quando ele pede um pão? Ou lhe dá uma cobra, quando ele pede um peixe? Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!
Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os Profetas".
Mateus 7:7-12                       
Paulo Regent

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A CIDADE DE ACÁCIA AMARELA


ACÁCIA AMARELA
          Ele gosta de se vestir bem, aparentar ser uma pessoa bem sucedida financeiramente, não dá muita bola para as pessoas mais humildes, se acha o tal, gosta de mostrar que fala bem e que tem uma ótima cultura, fala mais do que ouve e não dá chance de ninguém se expressar quando ele está falando. É o típico VAIDOSO! Só dá esmola quando há alguém olhando, mas quando não há plateia, coitado do pedinte! Frequentemente vai as missas, que pra ele são apenas encontros sociais, finge que deposita o seu óbolo na caixa de ajuda da Igreja, é de conversa fácil e por isso todos o admiram. É convidado para todas as festas filantrópicas do bairro, mas sempre dá um jeito de não entregar a sua colaboração, faz questão de participar da comissão de solidariedade da Igreja, mas sempre tem uma desculpa pra não poder comparecer. Vive de aparência, é um ATOR! Esse é o Josiel, o famoso “Parece, mas não é...” Parece caridoso, mas não é... Parece tolerante, mas não é... Parece bom vizinho, mas não é... Pois é, parece, mas não é... é o maior enganador. Só faz amizade por interesse, se ele percebe que você não tem nada a oferecer, a amizade vai pelo ralo à baixo. É o perfeito DISSIMULADO! Ninguém ainda conhece seu verdadeiro íntimo, por isso ele é respeitado. Mas a vida ensina, as leis espirituais não deixam nada passar em branco...
          Durante a noite, altas horas da madrugada, Josiel está dormindo como se fosse um justo, achava que poderia viver para sempre enganando a Deus como engana as pessoas. Acorda de repente com uma grande dor no peito, a dor é tanta que parece que alguém rasga a sua carne e tenta arrancar-lhe o coração, a respiração lhe falta e sente como se lhe cortassem a garganta. Em meio a toda aquela tortura, percebe a presença de alguém ao lado de sua cama, é um senhor de aparência humilde, um semblante sereno e lhe diz:
- Venha comigo!
Nesse momento tudo passa, já não sente dor no peito e nem falta de ar. Levanta-se da cama e fica ao lado daquele senhor que lhe olha profundamente nos olhos, sem perceber que seu corpo continua deitado sobre a cama.
Em uma fração de segundos já não estão mais em seu quarto, encontram-se num jardim em frente a um condomínio de casas, pequeninas e belas, várias pequeninas casinhas, porém suficientemente confortáveis. Josiel então pergunta ao senhor onde eles estão, quem é ele e o que fazem ali?
Responde o senhor então:
-Calma meu filho, há muito que perguntar e muito a responder, porém muito mais haverá de se aprender. Meu nome verdadeiro não importa agora, mais tarde você vai saber. Neste momento você pode me chamar de Mestre Sereno. A sua vida é um lixo, você está cada vez mais se afastando de sua missão. Você estava com os sintomas de quem infartava em sua cama, mas não morrerá. Observe bem este lugar, é só uma amostra de seu provável futuro, só depende de você conquistar o seu lugar aqui. Você está vendo aquela casinha ali, do lado Norte do condomínio, logo a primeira, que se encontra no topo da fila de casinhas, a de número três?
-Sim, estou.
- Pois será a sua primeira morada aqui, se você conseguir se transformar. Você tem uma alma linda, brilhante e polida, mas com o passar dos anos de sua vida, você se contaminou com os vícios da Terra e deixou-se cobrir por uma camada espessa, grossa, endureceu a alma e o coração, e agora terá que trabalhar isso com muito carinho, da mesma forma como se lapida uma pedra bruta, retirar toda essa casca e deixar as virtudes fluírem.
- Puxa, que lugar lindo, calmo. Quer dizer que eu não morri, afinal, onde estamos?
- Nós chamamos aqui de Oriente Eterno, um lugar para onde se vem após a vida na Terra. Existem muitas cidades aqui, e esta se chama Acácia Amarela, uma cidade especial para algumas pessoas que viveram na Terra trabalhando juntos por um mesmo ideal de Justiça, procurando fazer feliz a humanidade, combatendo a ignorância e vivendo com ética e moral elevadas. Pessoas com religiões diferentes, níveis culturais e profissionais diferentes, tendências políticas diferentes, mas acima de tudo lutando por um mesmo ideal de aperfeiçoamento humano. Agora venha comigo.
-Para onde vamos agora Mestre?
-Veja Josiel!
Neste momento, num piscar de olhos, os dois já se encontram em outro lugar.
-Olhe lá em baixo, disse o Mestre.
Estão no alto de um monte e de lá observam um vale, as trevas tomam conta do lugar.
-Que lugar é esse Mestre?
Aqui se chama Umbral. Aqui é sempre meia-noite, nunca meio-dia.Você nunca ouviu falar desse lugar lá na Terra não?
-Sim, agora me lembro, Alan Kardec, não é?
-Isso mesmo, e você nunca acreditou, mas é verdade, e neste momento da sua vida, pelos seus atos, é pra aqui que você virá, caso não se lapide e se transforme.
Josiel olha para aquele lugar horrível, de sofrimento e escuridão. Vê muitas pessoas chorando, vê formas estranhas de vida caminhando e maltratando as pessoas, fazendo-as sofrerem ainda mais.
-Puxa! Mestre eu não quero vir pra aqui não. Eu quero mudar, me ajude!
-Era isso que eu queria ouvir de você. Acho que está na hora de você voltar. Muitos anos da Terra se passarão até que a gente se encontre de novo aqui em Acácia Amarela. Faça por onde, para que aquela casinha número três seja a sua primeira morada aqui. Alguém vai lhe procurar lá na Terra, vai lhe fazer um convite. Esta pessoa revela muito respeito a você e você a ele, pois ele é seu amigo, e você o terá como Padrinho e Irmão. Agorá vá!
-Fiat Lux!

          Josiel abre os olhos, o dia está amanhecendo. Olha para a janela de seu quarto por onde alguns raios de sol invadem o ambiente escuro deixando a luz penetrar. A dor no peito e a falta de ar sumiram de vez. Teria sido um sonho? Pensou ele. Puxa, que história mais doida! Mestre Sereno... Oriente Eterno... Cidade de Acácia Amarela... E o Umbral... Arrhhg! Coisa horrível! Que isso, rapaz? Pensou ele. Vamos esquecer isso e tocar a vida, foi só um sonho maluco. Mas parecia tão real!
As horas se passam e já está quase na hora de ir ao trabalho. Josiel já se prepara para sair quando tocam a campainha. Ao abrir depara-se com o Eduardo, seu amigo de trabalho e de infância.
-Oi Josiel! Passei aqui pra te dar uma carona para o trabalho. Eu já estava querendo conversar um assunto contigo já há algum tempo, e vou aproveitar para conversarmos no caminho.
- Ok, Eduardo, vamos lá! Mas, sobre o que você quer me falar?
Bem, Josiel, eu queria lhe fazer um convite.
-Convite? Pra que?
-Você já ouviu falar em Maçonaria?! ...


"A mudança para melhor só tem início quando se enxerga, com clareza, a próxima etapa"
Norbert Wiener      


Paulo Regent

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

UMA PAUSA PARA REFLEXÃO


Meus caros leitores! 

Vamos dar uma pausa para lembrar de um assunto muito sério que ocorreu no século passado.Talvez até alguns achem que aqui não seja o lugar ideal para este tipo de postagem, mas este assunto deve ser lembrado, e qualquer lugar é um bom lugar para publicá-lo. Não podemos deixar que isto seja esquecido e aconteça novamente, e eu estou tentando fazer a minha parte.

A tradução das tirinhas vem logo abaixo:


Tradução do cartoon: 
Menina:Tenho que lhe dizer uma coisa, senhor... Tem no seu braço uma tatuagem sem graça nenhuma. É só um montão de números. 
Senhor: Bem, eu teria a tua idade quando me a fizeram. Mantenho-a como uma recordação. 
Menina: Oh! ... Uma recordação de dias mais felizes? 
Senhor: Não, de um tempo em que o mundo ficou louco. 
"Imagina-te a ti mesma num país em que os teus compatriotas seguem a voz de um político extremista que não gostava da tua religião. 
Imagina que te tiravam tudo, que enviavam toda a tua família para um campo de concentração, para trabalhar como escravos, e ser assassinados sistematicamente. Nesse sítio te tiravam até o teu nome para ser substituído por um número tatuado no teu braço. 
Chamou-se a isso O Holocausto, quando milhões de pessoas foram mortas só pelas suas crenças religiosas..." 
Menina: Então tu usas essa tatuagem para recordares o perigo das políticas extremistas? 
Senhor: Não, querida. É para que tu o recordes. 

Passaram já mais de 60 anos, desde que terminou a 2ª Guerra Mundial na Europa. Este e-mail está a se reenviando como uma cadeia comemorativa, em memória dos 6 milhões de judeus, 20 milhões de russos, 10 milhões de cristãos e 1.900 sacerdotes católicos que foram assassinados, massacrados, violados, mortos à fome e humilhados.   
Agora, mais que nunca, com o Iraque, Irã e outros proclamando que O Holocausto é um mito, é imperativo assegurar que o Mundo nunca esqueça.  
A intenção deste e-mail é chegar a 40 milhões de pessoas em todo o mundo
 
Une-te a nós e sê mais um elo desta cadeia comemorativa e ajuda a distribuí-la por todo o mundo..
 
Esta é a nossa colaboração para que esta cadeia nunca se interrompa.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Manifestações do Insólito: "AS GÊMEAS"


          Numa noite de lua nova, muito estrelada, viajava em seu automóvel um casal em direção à Guarapari onde passaria alguns dias de suas férias. A noite era realmente linda, só faltava a lua para completar aquela bela obra de arte da natureza, Olhando-se pela janela do carro via-se perfeitamente o Cruzeiro do Sul, no cd-player tocava baixinho uma bela coletânea de músicas que ajudavam a fazer aquela viagem tornar-se ainda mais agradável e serena. Tudo perfeito!!! Mas são nessas noites “perfeitas” que o insólito costuma manifestar-se...
           A mulher chamou a atenção de seu marido que dirigia calmo e tranquilo, quanto a uma menina que estava em pé no acostamento da estrada fazendo sinais para que parassem.
__ Carlos, você viu aquela menina fazendo sinais para que parássemos?
__ É... Eu vi uma menina no acostamento da estrada, mas não reparei se fazia sinais. Mais me parecia que ela caminhava.
__ Não Carlos, ela fazia sinais pedindo que parássemos, provavelmente precisa de ajuda. Não é melhor voltarmos para verificar? A essas horas da noite o trânsito por aqui é bem reduzido e pode ser também que ninguém pare.
__ Está bem mulher, vamos lá verificar.
O marido deu meia volta e retornaram devagar procurando pela menina. Alguns metros atrás e lá estava ela, cabelos castanhos claros, aparentando ter uns onze anos mais ou menos, parecia nervosa e acenava sem parar. Estacionaram o automóvel no acostamento, ligaram o pisca-alerta, saíram do carro e atravessaram a pista em direção a menina.
___ Algum problema? Perguntou a mulher. O que está acontecendo, por que você está aqui sozinha, a essas horas, na beira da estrada?
A menina em meio aos prantos, apontou para um barranco ao lado da estrada e disse:
___ Foi um acidente com nosso carro. Ajudem, por favor! Minha mãe e minha irmã estão ainda lá dentro.
Carlos pegou sua lanterna e os três, então, desceram devagar o barranco sendo guiados pela menina, que contava como ocorreu o acidente.
___ Eu estava sentada na frente com minha mãe, e minha irmã no banco de trás. A viagem vinha tranquila e ela não corria muito não, quando de repente, acho que foi um pneu que estourou, não sei bem, deu até pra ouvir o barulho. O carro desgovernou-se e caiu nesse barranco, capotando até lá embaixo. Eu fui jogada para fora do carro pela janela, mas minha mãe e minha irmã estão lá dentro ainda.
           Continuaram descendo e logo mais abaixo lá estava o carro. Por sorte eles pararam para socorrer, pois lá da estrada ninguém iria avistar o automóvel caído lá embaixo. Chegando perto do carro, que estava muito amassado pelo capotamento, logo viram a senhora presa ao cinto de segurança, ainda viva, mas desacordada, parecia muito machucada e sangrava muito devido à um corte na cabeça. O marido pediu que a esposa ligasse do celular para o socorro, enquanto tentava tirar a senhora de dentro do carro. Olhou para o banco de trás e viu a irmã da menina, conforme ela havia contado, caída entre os bancos, também muito ferida e desacordada. Com muito sacrifício, o homem tirou uma de cada vez de dentro do carro, que poderia incendiar-se a qualquer momento, pois estava com a bateria ainda ligada, e deixou-as deitadas ao chão. Deu os primeiros socorros possíveis, colocando sua camisa no ferimento da senhora para evitar mais sangramento. A menina, apesar de muito ferida, não tinha nenhum sangramento grave aparente, mas mostrava muitos arranhões.
A esposa avisou que o socorro deveria demorar ainda uns quinze a vinte minutos para chegar. Não deu nem tempo de desligar o automóvel quando as primeiras chamas apareceram. O carro começava a incendiar-se. Com muito esforço e cuidado para não machucá-las ainda mais, afastaram-nas o suficiente do carro, que agora já tinha chamas altas. O Clarão das chamas chamaram a atenção de algumas pessoas que pararam seus automóveis e vieram lhes ajudar. O Socorro chegou alguns minutos depois e cuidaram da senhora e da menina. Disseram que, apesar dos ferimentos, não corriam risco de vida. Estavam salvas!
           Em meio a esta confusão toda, lembraram da menina da estrada, e que não a tinham visto mais em lugar algum. Um policial lhes fazia perguntas sobre o acidente e contavam a ele sobre o ocorrido quando alguém gritou mais afastado.
___ Corram... Corram... Há outra menina caída aqui entre os arbustos. Venham depressa!
Todos correram para lá. Os paramédicos examinaram-na e, infelizmente, constataram o óbito. Disse um deles:
___Coitadinha! Pelo jeito foi jogada para fora do carro enquanto ele capotava, bateu com a cabeça nesta pedra e foi fatal. Foi morte instantânea!
Carlos e a esposa não acreditavam no que estavam vendo e ouvindo. A menina morta era a menina que acenou para eles na estrada pedindo socorro para a mãe e sua irmã. Mas, como poderia, se antes disso ela já estava morta?
O Paramédico comentou ainda:
___ Eram gêmeas. Esta menina é idêntica à sua irmã.
Acredite você ou não, mas essas coisas acontecem há todo o momento neste nosso mundo. Existem muitos relatos de contatos com pessoas que já morreram e, que por um motivo muito forte, manifestam-se para ajudar. Com gêmeos então as coincidências nos espantam ainda mais. Neste caso, a irmã que fatalmente morreu após ser jogada para fora do veículo, voltou para pedir socorro para sua mãe e irmã gêmea que ainda estavam vivas.
Essa... É uma das muitas... Manifestações do Insólito!
Paulo Regent 

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Algumas boas lembranças


          
A Professora
           Outro dia eu estava a meditar e me passou um filme pela cabeça, mas não era aquele filme que todos dizem que revemos a nossa vida em todos os mínimos detalhes. Esse filme era diferente, tinha um tema, as minhas lembranças se fixaram em todos os momentos que me deram prazer, naqueles momentos inesquecíveis, que você guarda na lembrança juntamente com um sentimento, e toda vez que você se lembra dele, sente exatamente como se estivesse lá, como se revivesse aquele momento. São os bons momentos da vida, e como é bom lembrar deles. Lembro muito bem de uma professora que tive, e eu a adorava, eu a achava linda, maravilhosa, e olha que eu devia ter uns oito ou nove anos de idade, acredite quem quiser. A parte que mais eu gostava era quando ela se aproximava de mim por algum motivo e se curvava para falar comigo e os meus olhos não conseguiam olhar outra coisa senão seus seios, que coisas lindas, aquele decote larguinho, aqueles seios fartos e aquela covinha que se fazia entre eles. Acho que às vezes ela percebia, pois colocava as mãos sobre o decote para cobri-lo. Era a própria inocência com desejos ainda não entendidos. Teve também a Diana, minha primeira paixão. Puxa, como eu gostei da Diana! Ela era a menina mais inteligente da sala, ou melhor, do colégio, nós sem querer estávamos sempre competindo pois eu também tinha ótimas notas e ficava sempre entre os primeiros. Ela todo mês recebia o prêmio da melhor da sala e eu ficava com o segundo e as vezes o terceiro lugar, eu a admirava. Vejam vocês, já naquela época eu imaginava que iríamos casar quando crescêssemos, e eu não tinha coragem de lhe dizer nada disso, ficava olhando pra ela conversando com as outras meninas e sonhava muito. Lembro que houve um ano que eu consegui superá-la nas notas e cheguei a ganhar o prêmio de melhor aluno do colégio e ela ficou com o segundo lugar, e foi nesse ano que eu escrevi um bilhetinho pra ela, seria o último ano dela na escola, pois iria sair para outra. Não lembro bem o que escrevi, pedi a uma amiguinha dela para entregar e saí. Fiquei orgulhoso de minha coragem, só que nunca tive uma resposta dela, nem sei mesmo se a coleguinha dela entregou o meu bilhete e nunca mais nos vimos. Vocês já perceberam como as professoras mexem com a libido dos pré-adolescentes? Pois é... eu tive uma outra professora, essa era de inglês, loirinha, bonitinha, nessa época eu já devia ter uns onze ou doze anos, mas o pessoal da sala não era mole não, sabe o que eles faziam? Colocavam um espelhinho na ponta dos sapatos e quando ela passava naqueles pequenos corredores apertados entre as carteiras, bastava ela passar e era um tal de se esticar os pés com espelhinho para olhar por debaixo da saia dela. Coitada! Nunca percebeu que fez, muitas vezes, a alegria daqueles pequenos taradinhos. Mas havia uma coisa de positivo nisso tudo, ela sempre foi muito elogiada pela diretoria por ser a professora que conseguia reunir sempre todos os alunos, principalmente os meninos, em sala nas suas aulas. Oh, God!
          Foi nessa mesma época que eu tive a minha primeira namorada e, consequentemente, meu primeiro beijo. Ela era bonitinha, cabelinhos claros, tinha onze anos e eu treze, nunca mais me esqueci daquele beijo, inocente, apenas o toque dos lábios, ela ficou ruborizada, e eu apaixonado, só o fato de segurar suas mãos aceleravam o meu batimento cardíaco e outras coisas mais. Já se foram 43 anos, mas aquelas emoções, aqueles sentimentos ainda os sinto quando lembro, essas são as boas coisas da vida, aquilo que vale a pena lembrar. Logicamente eu tive muitas outras fortes emoções após isso, que estão guardadas com muito carinho aqui comigo, coisas de que gosto de me lembrar, tive outros beijos maravilhosos os quais ainda sinto o sabor e o cheiro daquele momento, a primeira transa a gente nunca se esquece, tenha sido ela boa ou frustrante. A melhor transa, aquela inesquecível, aquela mulher que te fez virar os olhos. Puxa! Como diz o nosso Rei Roberto Carlos... São tantas Emoções! Eu torço para que essa garotada de hoje passe também por esses momentos inesquecíveis e que tenham muitas emoções, guardem os sentimentos numa caixinha dentro de si próprios para que, no futuro, tenham essas lembranças maravilhosas que temos hoje, de um tempo onde fazíamos tudo que o nosso corpo pedia, mas de uma forma diferente, de uma forma romântica, quando tudo era proibido, mas consentido as escondidas. Os segredos da mulher eram valorizados, e ao descortinarem-se tínhamos “a visão”, uma visão maravilhosa do paraíso. 

Paulo Regent

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Qualquer coincidência é mera semelhança.



      Arialdo tinha um sonho, queria ser jornalista, fazer faculdade e trabalhar na televisão. Quantas vezes ele se imaginou apresentando o Jornal Nacional.
___ Boa noite! Aqui começa o seu Jornal Nacional, apresentado por...
___ William Bonner... Fátima Bernardes e... Arialdo Fagundes.
      Era a glória! Mas enquanto isso não acontece, arranjou um emprego na Rádio da cidade, que por ser a única, tem uma enorme audiência.  Depois dos primeiros testes, ele foi aprovado para trabalhar como assistente de radialista, um tipo de aprendiz de locutor. Sua estréia ficou acertada para hoje, após o discurso do Prefeito e do Secretário de Saúde, e seria apenas a leitura de um pequeno texto falando dos eventos na cidade pelos festejos natalinos que se aproximam.
      Correm na cidade alguns boatos que não são nada agradáveis a reputação do Prefeito, e sua preocupação é que venham a prejudicar suas pretensões políticas. Fala-se, a meia-boca, de desvios de verbas, licitações fraudulentas, enriquecimento ilícito e outros termos muito conhecidos por todos nós. Reservou então, o horário nobre da rádio, para falar ao povo, sobre seu novo projeto, sua menina dos olhos, o Hospital da Cidade, cujas obras são justamente o alvo de todas as denúncias.
      Duas situações adversas: Por um lado a felicidade do Arialdo pela estréia na rádio, quando lerá um pequeno texto; por outro lado a preocupação do Prefeito quanto ao discurso, que deverá ser bem convincente, não poderá haver nenhuma falha e nem deixar uma pequena dúvida sequer quanto à lisura de sua administração.
      O grande momento é chegado, o carro oficial da Prefeitura parou na porta da rádio e com ele o Prefeito, o Secretário e dois assessores. E assim foi... O Prefeito falou por, mais ou menos, quinze minutos, usando de todo o seu carisma e poder de persuasão. Saiu certo de haver feito o que planejara, passando então a palavra ao Secretário, que por sua vez, usou dos mesmos artifícios.
      Enquanto isso,  Arialdo passava às vistas, mais uma vez, o texto que teria que ler, que dizia o seguinte:   “Aproveitando as ilustres presenças de nosso Prefeito e Secretário de Saúde, a Rádio da Cidade, vem convocar a todos para a Festa de Natal, neste domingo, quando teremos a chegada de Papai Noel acompanhado por vários Duendes assistentes, também teremos alguns personagens folclóricos como o Saci Pererê e a Curupira, além de uma farta distribuição de brinquedos. Tragam suas crianças!” 
      Só isso...
      Mas Arialdo, inebriado pela sua estréia, e logo após um discurso do Prefeito e falas do Secretário, não satisfeito com tão poucas palavras que lhe deram para falar, resolveu improvisar, para abrilhantar ainda mais este acontecimento histórico. Segurou o microfone e aguardou alguns segundos finais das palavras do Secretário que encerrava dizendo assim:
___ Nós acreditamos no Senhor Prefeito!
___ Nós acreditamos nos Secretários Municipais!
___ Nós acreditamos que tudo irá dar certo!
___ Nós acreditamos na honestidade de toda esta administração!
E assim que o Secretário terminou, entrou o Arialdo eloqüentemente, aproveitando a deixa:
___ Nós acreditamos em Papai Noel
___ Nós acreditamos em Duendes!
___ Nós acreditamos em Saci Pererê...
      Bem... O texto ele nem terminou... Dizem que naquela mesma noite, Arialdo saiu fugido e pegou um ônibus para São Paulo, e nunca mais se ouviu falar dele. Algumas pessoas contam que ele é entregador de Pizza e mudou de nome.
 Coisas da vida...

Paulo Regent

sábado, 8 de outubro de 2011

Assim é na Terra como no Céu


BIG BANG

          Eu sempre fui fascinado pelo céu, principalmente as noites estreladas. Quantas vezes fiquei  deitado no chão do terraço de um prédio onde morava, por várias horas, observando as estrelas, aquelas coisas lindas, inexplicáveis e maravilhosas, piscando e enfeitando o céu negro de pontinhos azuis iluminados. Eu viajava junto com as horas e com os inúmeros meteoros que riscam as noites e só quem fica observando pode perceber, são muitos mesmo. Naquela época eu sonhava que seria um dia um astronauta, e que veria bem de perto os astros e estrelas.  Mas a vida tem outros planos e eu não cheguei a tanto, porém o céu ainda me fascina e descobri hoje que ele é mais fascinante do que eu imaginava naquela época, seus mistérios foram crescendo junto comigo e quanto mais a gente tenta aprender sobre ele mais mistérios ele nos mostra. Como somos pequeninos, minúsculos, microscópicos diante dessa imensidão, satélites, planetas, estrelas, sistemas solares, galáxias, buracos negros e mais, que aos poucos vamos descobrindo, e que ainda há muito mais segredos a serem desvendados pela ciência, ou como já nos dizia William Shakespeare: “Há mais coisas entre o céu e a Terra que supõe a nossa vã filosofia”.  E o Big Bang, não é fantástico? Os físicos tem uma teoria que explica a origem do universo de uma “explosão” primordial. E, no caso do universo, tudo o que existe surgiu desse ponto inicial. É difícil compreender e admitir que tudo surgiu do nada, por isso que até hoje ninguém conseguiu uma explicação racional que nos diga o que havia antes do Big Bang. Isso tudo nos leva a pensar que, se tudo surgiu de um mesmo ponto, então somos feitos da mesma poeira, da mesma energia, que as estrelas, que os astros.
      “Demo-nos conta, algum tempo mais tarde, de que somos feitos da mesma matéria que as estrelas. São os astrofísicos que o afirmam, todas as formas que vê a nossa volta, sejam elas sólidas ou gasosas, são constituídas pelos mesmos átomos de base, pelas mesmas partículas que nós. Então, somos feitos como as estrelas? Somos feitos delas, e talvez pudéssemos estudá-las em nós. Já não somos a medida do mundo, somos o mundo.”  Jean-Claude Carriere entrevista a Albert Einstein.

     Nosso planeta e tudo que nele existe, foi criado da mesma matéria que formou o universo. As árvores, toda essa vegetação existente, a água, as montanhas, os animais de qualquer espécie, os insetos... tudo que aqui existe... somos feitos da mesma poeira, da mesma energia, da mesma matéria primordial, somos todos iguais. Por esse motivo temos uma ligação muito forte com tudo o que existe e que conhecemos, tudo que nos afeta, afetará o todo, da mesma forma em que tudo o que fizermos que venha a afetar a natureza, nos será fatal, não podemos agir como vírus, conforme foi abordado no filme Matrix, no qual o Agent Smith explica a Morpheus que os humanos não passam de vírus que destroem o planeta e precisam ser travados. Precisamos nos conscientizar de que somos irmãos das árvores e das estrelas, da lua da Terra e do sol, e que precisamos preservar e não destruir. O pouco que conhecemos do universo já nos fez perceber essa relação, que a nossa sobrevivência depende da preservação e da reconstrução daquilo que destruímos, e custamos a aprender que “ assim é na Terra como no Céu.”

Paulo Regent

Cidadão Rio-Niteroiense
















Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá
Onde canta o AR-15
Por onde você passar
Tem as praias mais bonitas
Louras, morenas, mulatas
Tem chacina nas favelas
Tem criança abandonada
Sequestro tem noite e dia
Polícia, traficante e ladrão
Tem gente de bem sem trabalho
Política e corrupção
Tem olhos noturnos sem sono
Vagando daqui e pra ali
Tal qual mariposas procuram
O brilho das noites daqui
Procuram pelo pó da terra
Que vem de lá, de avião
Guerrilha vem descendo a serra
Valei-nos São Sebastião
Pão de Açúcar, Corcovado,
Lagoa, Ipanema e Leblon
Tem Copacabana que o Mundo
Todo conhece a canção
Tem bola rolando com classe
De quem é Penta-campeão
No templo sagrado da arte
Louvado és tu Maracanã!
Tem samba, tem bossa, tem graça
Mistura de raças sem fim
Saudade que nunca passa
De Tom de Janeiro Jobim
Tem doido varrido tentando
Salvar todo esse rincão
Valei-nos Araribóia
Valei-nos São Sebastião
Tem sol de Janeiro a Janeiro
Tem bala perdida no chão
Sou de Niterói, minha vida
Sou do Rio, minha paixão
Tem Blitz de dia, é polícia
Tem Blitz de noite, é ladrão
Se correr o bicho pega
Se ficar me levam o cordão
Tem gente que chutou a Santa
Na frente da televisão
Valei-nos Nossa Senhora
Valei-nos São Sebastião

Paulo Regent

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Pedra Brasil


          

          Não há lugar nenhum nesse mundo que eu queira estar senão aqui na minha terra, com meu povo, brasileiros como eu. Bem sabemos que há muito o que se fazer para melhorar, que há muitas arestas a se desbastar, nessa imensa pedra bruta chamada Brasil. Nós nos orgulhamos de nossa pátria, terra de nossos ascendentes, nossos avós, nossos pais e também de nossos descendentes, e é por eles que continuamos aqui, tentando fazer a nossa parte, seja ela pequena ou grandiosa, não importa, mas contribuímos de alguma forma. Não podemos deixar que os maus tomem conta, e olhem que eles aparecem como uma praga de gafanhotos, em nuvem, arrasando tudo por onde passam, quanto mais fazemos para exterminá-los, mais nos surpreendem, reaparecendo em dobro, e as vezes, são cooptados alguns Jedis que achávamos que estivessem do lado positivo da força.
            A maioria de nós consegue visualizar o lindo diamante que existe dentro da Pedra Brasil, e para que ele aflore, muito há que se aprender, muito há que se corrigir. Muitos de nós ainda vive do velho refrão “O que os olhos não veem, o coração não sente” e não entendem que assim viveremos como aquela história em que o sapo é cozinhado vivo, e assim vão nos cozinhando aos pouquinhos, sem que percebamos:


Se você tentar colocar um sapo numa água quente,
ele reage e salta pra fora. Agora se você colocar o
sapo numa água fria, dentro de uma panela e
colocar no fogo para esquentar ele vai se sentindo
cômodo e relaxado e quando se der conta, não
consegue mais sair e acaba cozido.”


          Convivemos “bovinamente” com esse mar de lama que se instalou entre nós cujo nome se tornou banal, motivo de várias piadas e contos engraçados, chamado corrupção. Aqueles em quem depositamos nossa confiança, dentro da antiga urna, ou mesmo através de uma máquina eletrônica, nos apunhalam pelas costas, e nos traem cinicamente. A vergonha desapareceu com a certeza da impunidade, já não conseguimos distinguir os que nos protegem daqueles que nos roubam e nos fazem mal, parecemos uma Nau à deriva, cujo comandante, por melhor que sejam as suas boas intenções, não consegue dar um rumo a esta enorme caravela, porque há ventos soprando para todos os lados, para o lado de seus próprios interesses, quando deviam soprar juntos para uma mesma direção. Precisamos pular para fora dessa caldeira que nos cozinha o quanto antes, precisamos preparar bons filhos para deixar nesta terra que tanto amamos, e torcer para que eles possam fazer aquilo que não conseguimos, mas que estamos lutando para tal. Que Deus nos dê a força que precisamos para deixarmos de ser gado e passemos a ser os coadjuvantes de nosso destino, que possamos cantar o nosso hino com aquele verdadeiro sentimento de patriotismo, tão raro nos dias de hoje e que somente vemos nos campos de futebol.

Maior que a tristeza de não haver vencido é a vergonha de não ter lutado!”
Rui Barbosa.  



Paulo Regent

Misterioso Deserto do Saara

  Uma colaboração de Jorge de Andrade Nascimento 

     A população nativa do Egito não existe mais. Há quatro mil anos AC começava a miscigenação daquele povo milenar. Hoje, um legítimo egípcio já não existe. Exceto aquele povo do deserto - os Tuaregues.

     Hoje no deserto vivem os Beduínos, que são árabes e os Tuaregues, que são egípcios.

     A população egípcia sofreu com as conquistas de gregos, romanos, árabes e outros povos que dominaram e subjugaram sua população. Entretanto, os Tuaregues permaneceram fiéis às suas raízes, pois contavam com o seu enorme conhecimento do Deserto do Saara. Sabiam quando aconteceriam as terríveis tempestades de areia, conheciam os movimentos e deslocamentos das tempestades e dos ventos e sempre que previam uma ameaça utilizavam estes conhecimentos para sua proteção e sobrevivência. Muitas vezes estas tempestades duravam meses e nenhum exército resistia a elas, por mais treinados que fossem. Os tuaregues se dedicavam à construção de tendas, à fabricação de roupas e óleos feitos de gorduras de cabras, camelos, ovelhas e gado, e também produziam sabões perfumados, perfumes, incensos, mirra, e um tipo de fumo que se usava para o narguilé. Fabricavam também cerveja e outras bebidas fermentadas que até hoje são produzidas por este povo guerreiro e valente.

     Eles também faziam a segurança das caravanas que cruzavam o deserto, para intercâmbio com outros povos da região.

     Em certa ocasião vinha um Tuaregue montado em seu camelo, cruzando o deserto, já bem perto de Bassorá. Podia-se ouvir a voz de um muezzim em uma Mesquita, convocando os árabes para uma oração para Alá. Estava ele na sua caminhada tranqüilo, quando sentiu um cheiro de uma comida gostosa, levada pela brisa que raramente sopra naquele lugar. Ele então dirigiu-se para o local, guiado pelo seu olfato apuradíssimo.

     Ao chegar ao local percebeu que era um caldeirão onde estava cozinhando um ensopado que parecia estar delicioso, pois o cheiro gostoso e agradável não poderia enganar o seu olfato.

     Ele desceu do seu camelo, procurou ao redor e não encontrou ninguém nas redondezas, parou e pensativo, perguntou a si mesmo, devo aproveitar este vapor que sai deste caldeirão? Está esvaindo-se pelo ar. Se eu utilizá-lo, estarei cometendo algum delito? Os Tuaregues são honestos, honrados e de bons costumes, não cometem atos contra o próximo, que venham a denegrir a sua imagem de bom homem, bom pai, amigo, altruísta e humanitário - de guerreiro justo e clemente.

     Ele então resolveu aproveitar aquele vapor, que estava sendo desperdiçado, evaporando-se pelo ar rarefeito do misterioso deserto. Sentou-se e com a ponta da sua adaga, pegou de dentro da sua mochila um pedaço de pão, já endurecido pelo tempo, espetou o pedaço de pão e colocou em cima do caldeirão, para absorver o precioso vapor que saia daquele ensopado, a fim de amolecer o pão e torná-lo mais apetitoso e saciar a sua fome.

     Estava ele ali, compenetrado naquela tarefa de captar o vapor, para melhorar o gosto de sua broa, quando surge um Beduíno, dizendo: Afaste-se do meu caldeirão... O quê você esta fazendo?
_ Eu estou apenas colocando esta broa no vapor do seu caldeirão. Não toquei em nada.
Furioso o Beduíno reclama: _Eu estava recolhendo as minhas cabras e você aproveitou a minha ausência para furtar o vapor do meu ensopado.
_Não meu amigo. Eu nada furtei, apenas utilizava do vapor do seu caldeirão para amolecer este pedaço de broa.
_Eu quero que você pague, pelo uso indevido e sem permissão do que me pertence. Você estava me roubando. Quero receber por isto.
O Tuaregue pacientemente tentava explicar ao Beduíno que não cometera nenhum delito. Mas o Beduíno esbravejava, _quero que me pague.
No auge do descontrole do Beduíno, surge uma patrulha militar do comando reinante naquela região. O oficial pergunta o que estava acontecendo. Após ouvir ambas as justificativas disse ele _ eu não tenho competência para resolver esta questão, vamos até o alojamento e o comandante vai intervir neste problema. Partiram então para o referido alojamento. Lá chegando, o oficial reporta ao seu superior o que tinha ouvido de ambas as partes. O comandante, um homem de bom senso, pediu que cada um desse sua versão do fato. O Beduíno expõe o ocorrido e diz _ eu quero que ele me pague. O Comandante volta-se para o Tuaregue e pergunta se tudo aquilo que o Beduíno disse era verdadeiro. O Tuaregue disse que sim, porém, que ele nada roubou, pois o vapor estava se dissipando no ar, não sendo aproveitado.
Isto é verdade? Perguntou o comandante ao beduíno.
Sim meu senhor é verdade. Todavia eu quero receber pelo que ele fez.

     O Comandante vira-se para o Tuaregue, olha fixamente nos seus olhos, olhos firmes, olhos de um verdadeiro guerreiro do deserto, homem sem medos, homem firme, forte e diz: Tens, moedas cunhadas? Sim, tenho algumas.
Mostre-me. O Tuaregue tira da cintura uma sacola, levantando a sacola por umas das mãos e mostrando ao Comandante. Este, fala: Sacuda. O Tuaregue sacode a sacola com as moedas. Virou-se para o Beduíno e pergunta: Você ouviu?
Sim, meu senhor.
Novamente o Comandante pede para o Tuaregue sacudir a sacola. No ato contínuo pergunta ao Beduíno, você ouviu? Sim, meu senhor. Mais uma vez o Comandante manda o Tuaregue sacudir a sacola e pergunta ao Beduíno: ouviste? Sim, meu senhor.

Então vocês estão quitados.
Como assim meu senhor? Indaga o Beduíno.
E o Comandante responde: da mesma forma que ele usou do vapor do seu caldeirão, não lhe prejudicando em nada, desta mesma forma ele está lhe pagando, pois você ouviu os barulhos de suas moedas cunhadas.
Vão embora e entrem em reconciliação.


Jorge de Andrade Nascimento